Prefeito Tortorello – Uma lenda que governou São Caetano do Sul
Biografia resgata Luiz Tortorello, homem que mudou São Caetano
Obra conta a vida do prefeito que universalizou os serviços de água e esgoto, pavimentou e iluminou 100% das ruas e vacinou todas as crianças
Era dia de Sol claro e quente na cidade de Salvador. Luiz Olinto Tortorello visitava a Capital da Bahia quando recebeu de um amigo, o médico Paulo Nunes Pinheiro, o convite para um passeio de barco pela esplendorosa Baía de Todos-os-Santos. A ideia seria irrecusável para a maioria dos turistas, mas ele recusou: “Não quero passear de lancha, gosto de ver as pessoas da cidade, gosto de ver o povo, quero sair pelo Centro da Cidade”.
Esse e outros inúmeros episódios em que Luiz Olinto Tortorello deixou atividades mais exclusivas para conversar e conviver com gente simples recheiam Prefeito Tortorello – Uma Lenda que Governou São Caetano do Sul, biografia do professor, advogado e juiz de direito que foi eleito prefeito por três vezes, e morreu no exercício do mandato, aos 67 anos, em 17 de dezembro de 2004.
Com direito a robusto caderno de imagens, que reproduzem fotos e documentos de passagens importantes da vida do prefeito, o livro é uma biografia autorizada pela família Tortorello. “Nossa ideia, desde o começo, foi fazer uma homenagem ao político mais importante da história de São Caetano”, diz Edgar Nóbrega, ex-vereador e coautor da obra junto com Marcos Antonio Biffi, ex-reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).
Divididos em oito capítulos, o livro resgata os principais episódios da história pessoal e profissional de Tortorello, desde que nasceu, em 15 de abril de 1937, no município de Matão, no Interior paulista, filho do ferroviário José Tortorello e da dona de casa Antonia Capovilla.
Foi na cidade natal que Luiz Tortorello deu seus primeiros passos na política, seguindo os passos do pai, que de chefe da estação de trem passou a vereador. Contemporâneos atribuem a José uma personalidade destemida, uma forte capacidade de liderança e um espírito pacificador, qualidades herdadas pelo filho.
Além de Matão, Luiz Tortorello foi vereador em São Joaquim da Barra. O interesse pela política era dividido com outras atividades profissionais. Formado em direito, exerceu a advocacia e foi juiz de direito, carreiras que o levaram a morar em várias cidades.
Chegou a São Caetano em 1969, por indicação de um familiar, que atuava na Polícia Civil no município. Ele via no parente a possibilidade de indicações de serviços advocatícios na área criminal. Trabalhou muito mais do que isso. Dedicou-se ao desenvolvimento da cidade e caiu nas graças da população.
Já na cidade do Grande ABC, na qual se transformaria em ícone político, Tortorello foi eleito deputado estadual em 1986, com 28.009 votos. Exerceu dois anos de mandato na Assembleia, de onde saiu para assumir a Prefeitura de São Caetano, que governou de 1989 a 1992, e de 1997 até 17 de dezembro de 2004, quando morreu por insuficiência respiratória em decorrência de infecção pulmonar – os 14 dias de mandato foram exercidos pelo vice, Silvio Torres.
Durante seus três mandatos, universalizou os serviços de água e esgoto, pavimentou e iluminou 100% das ruas e vacinou todas as crianças. Foi durante seu governo que a ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu São Caetano como a detentora do maior IDI (Índice de Desenvolvimento Infantil) das cidades brasileiras com mais de 10 mil habitantes. De quebra, fundou em 1989 a AD São Caetano, time que, 13 anos depois, conquistou o vice da Taça Libertadores da América.
Temer chama Luiz Tortorello de “amigo que a vida me presenteou”. O ex-presidente revelou que conheceu o biografado em 2002, no Palácio dos Bandeirantes, sede do Poder Executivo paulista, durante sua campanha para a Câmara dos Deputados. “Ele não era apenas um político, mas um líder, cujo compromisso com a melhoria da vida das pessoas era inspirador”, escreveu.